sábado, 28 de abril de 2007

Se você ama, prove!

É pena que você não entenda.
É pena que eu fale tão pouco.
Às vezes o dia me cansa,
às vezes a vida distrai.
Faltaram sorrisos e flores,
jantares, presentes e velas?
Talvez faltara carinho,
um ombro amigo talvez?

Mas amor, de mim, nunca faltou.
E é esse meu jeito de amar.
É burro, moleque, inocente,
de quem tem muito ainda a aprender.
E mesmo sobrando, assustou,
pois não soube se manifestar.
Não sabia como ir em frente
e deixou você sem perceber.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Sobre a vingança...

A vingança é muito amiga da hipocrisia. Ninguém confessa que a sente, que a deseja mais que tudo quando se é ferido. Principalmente se o ferimento é interno, é no ego, na auto-estima.

Daí criam diversos eufemismos e frases feitas que fazem o sedento se enganar, engolir aquela vontade gigante de causar dor. "Eu não sujo minhas mãos com isso". "Vingança é um prato que se serve frio".

Pois eu acho que vingança é um prato de sopa, servido com um garfo. Você tenta de qualquer forma saboreá-lo, mas ele escorre por todos os lados. Você só consegue sentir o gostinho na ponta da língua. Depois de tanto tentar ele esfria, e é a hora de virar a tigela e engolir tudo de uma vez, babando, se esbaldando.

Covarde é quem esconde de si os próprios desejos...

domingo, 22 de abril de 2007

O gosto que senti na tua língua

Se antes era carência ou invenção e parecia tudo sem sentido,
o teu suspiro ao pé do meu ouvido encheu essa loucura de razão.
Fazendo uma história
sem futuro e sem memória
linda e necessária
para os loucos que a vivem.

O toque formiga, seduz e fascina
me ensina a tratar teu corpo e teu rosto
com muito carinho, sentindo teu gosto
que tanto me prende, me encanta e domina.

As almas se entendem quando os lábios se tocam
e a paixão explode quando as línguas se esfregam
O bater no seu peito,
o sorriso sem jeito,
o beijo perfeito
e é tarde demais
pra esquecer o bem que isso me faz
e pensar em deixar tudo isso pra trás...

E desço sedento cheirando tua pele -
essa seda macia que envolve tua alma
que eu acaricio e beijo com calma -
que entregue, contorce e exala desejo
e eu te despejo
tesão e vontade
de te ver ao delírio
e te ter de verdade

quinta-feira, 19 de abril de 2007

O Brasil do Futuro - Parte 4

Amazon Theme Park


17/11/20?? - O Brasil mais uma vez sai na frente e inova no ramo do entretenimento. Uma iniciativa audaciosa do projeto "Aí sim, Brasil" vem trazer infra-estrutura, investimentos sociais, dinheiro para educação e, por que não, diversão para todo o mundo? Trata-se do Amazon Theme Park.

O parque pretende ser o maior parque temático do mundo. Diversas atrações únicas serão produzidas, como a maior montanha-russa aquática do mundo, com rotas vindas de 6 afluentes do Rio Amazonas. Para aumentar ainda mais a emoção do contato com a natureza na maior floresta do planeta, 8 tribos indígenas serão desabitadas para servirem de pousadas e praças de alimentação.

Diversas ONGs, juntamente com a FUNAI, tentam impedir essa ação tida como desumana e anti-ecológica. Hoje pela manhã, o deputado responsável pela criação do projeto foi categórico ao dizer que "Todos os índios desabrigados serão indenizados pelas suas terras e propriedades. Não estamos roubando nada de ninguém. Aliás, muitos deles terão aulas de inglês e poderão trabalhar no parque como guias. Estamos dando uma oportunidade para essa gente". Em relação ao dano ecológico que o projeto deve causar na região o deputado preferiu não se pronunciar. Sua assessoria de imprensa deve emitir nota ainda essa semana a respeito.

A empreitada ainda conta com a extensão da Transamazônica, dando acesso a todo o parque - que deve ter cerca de 20 mil metros quadrados, bem como a criação de um aeroporto e de algumas vilas-satélites nas proximidades, onde serão instalados os operários responsáveis pela sua construção. Um hospital com posto de saúde e 3 postos de gasolina também fazem parte do projeto. Parte da Venezuela será aterrada e dará lugar a um estacionamento. Mais detalhes podem ser vistos no site oficial do programa "Aí sim, Brasil" no www.aisimbrasil.gov.br.

A iniciativa tem causado muita controvérsia em todo o mundo. Diversos líderes já se pronunciaram contra a "Maior falta de bom senso de uma nação nos últimos tempos" conforme palavras do Primeiro Ministro britânico. Nosso Presidente, que conta com 100% do apoio do Presidente americano, mostrou-se receoso com os efeitos colaterais que a obra pode trazer ao pulmão do mundo e respondeu às críticas prontamente dizendo que "É claro que estamos preocupados com o impacto ambiental, com o índios e com tudo isso. É por isso que escolhi meus dois filhos para engenheiro responsável e arquiteto chefe desse empreendimento. Não vou deixar um projeto desses na mão de qualquer um".

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Num olhar

Querer de verdade
morrer de vontade
ela me encara
e o coração dispara
a alma o obedece
e o corpo se aquece
aflito e contente
não entende o que sente
tão intenso tão cedo
assusta e dá medo
o desejo domina
e sua graça fascina.
confuso assim
a quero pra mim
real ou ilusão
vivendo paixão.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Amor ao mar

Ao por do sol dourado
olho o mar
sinto o vento
vejo um barco
passar
Como quem vai
pra nunca mais
voltar
sem parar pra pensar

O que ficou é pouco
é um olhar
com lágrimas contidas
confundidas
a amargar
Um beijo de criança
sem a língua
pra provar
Teu jeito de andar
de me parafrasear
um cheiro
bem macio
sem palavra
ou paladar

Tentando entender
uma vida
sem tentar
Me dá um aperto
no peito
ao ver o mar
sem força e sem contexto
pra lutar
Parado ali, a te imaginar
pensando em te falar
em te roubar

Chega! Me levanto
evito o vento
e volto
a caminhar
Sigo meu destino sem pesar
mas hoje ainda me pego
a sonhar
com o amor que desisti
ali no mar
de uma mulher incrível
singular
de beleza e doçura
fácil de se fascinar
mas difícil de amar
pois ela é um anjo
que nunca soube
se entregar.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Pessoas, camisas e tatuagens

Tem gente que consegue tirar uma pessoa da sua vida como quem se livra de uma camisa velha. Você olha pra ela, lembra dos momentos juntos - esse tempo todo - recorda as intimidades que só existia entre vocês - é hoje, né camisa da sorte? - mas com a mesma objetividade que tirou da prateleira da loja você a enfia fundo no saco do lixo. Algo quase tão banal quanto apertar um botão, só menos freqüente.

Mas tem gente que não. Tem gente que tirar uma pessoa da sua vida é quase como remover uma tatuagem que não faz mais sentido. Ela some mas sempre deixa uma cicatriz, ou um borrão. Dói, demora, sangra. Você pensa duas, três, mil vezes, mas acaba fazendo. Muitas vezes não porque quer, mas por entender que é a única escolha. É triste porque você lembra do entusiasmo de quando foi fazer a tatuagem, e dificilmente entende como que ela virou um mero traçado sem significado algum.

É uma mera questão de valor. As pessoas são substituíveis como uma camisa, ou deixam marcas pra vida inteira, como uma tatuagem?

Eu confesso que só tenho encontrado camisas... e o pior é que elas não combinam com nada que tenho no armário...

"É as mulheres, oba!"

O auditório do Silvio Santos tem batido palmas sem sequer prestar alguma atenção no palco. Naquela câmera por cima da platéia eu pude ver várias meninas gritando o gritinho do momento e batendo palmas, bocejando, viradas de lado, desanimadas, completamente entediadas e alheias ao espetáculo. Um tremendo desdém!


Antes não. As mulheres eram loucas por ele. Suas fãs eram apaixonadas, elas gritavam com ímpeto, com desejo. Elas se rasgavam para estar mais próximas dele. Hoje, ele canta "A pipa do vovô não sobe mais" sozinho, sem nenhuma força (ou fraqueza) de vontade de suas colegas de trabalho. Só participam do coro por serem adestradas. Me pergunto o que pode ter acontecido. Teria ele, o mestre, o melhor animador de palco do mundo, ficado senil? Perdido o encanto? Sem graça? Pior ainda, antiquado??? Será que a euforia de outrora existia porque ele era mais novo, mais boa pinta, mais simpático? Ou porque ele jogava dinheiro pro alto?

domingo, 8 de abril de 2007

Aforismo

[Do gr. aphorismós, pelo lat. aphorismu.]

Substantivo masculino.

1. Sentença moral breve e conceituosa; apotegma, máxima:

“Esse outro aspecto .... está resumido num aforismo que gostava [Machado de Assis] de repetir, com ligeiras variações, o de que a morte é séria e não admite ironia.” (Barreto Filho, Introdução a Machado de Assis, pp. 20-21.)

Aurélio, 2005

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Nova categoria de textos no site. Agora passarei a publicar alguns aforismos (?) de minha autoria. Muitos nasceram de conjecturas com amigos, muitas das vezes com pelo menos um copo nas mãos. Algumas delas são de mau-gosto, outras são bonitinhas, algumas machistas, muitas politicamente incorretas, enfim, são linhas de pensamento tecidas em palavras, sem censuras ou filtros socialmente necessários. Muitas fazem parte do que acredito, outras são meras brincadeiras de criança de gente adulta. Ah, e na sua maioria, são sem graça.


Espero que gostem. Caso não gostem, por favor, deixem minhas poesias e minhas crônicas fora disso... Elas não têm nada a ver com o pato. Na verdade esses aforismos só são parte de um sonho que eu tenho em ter textos meus sem significado algum sendo estudados nas escolas com professores inventando "n" simbolismos que eu nunca verdadeiramente quis dizer...


Obrigado pelos comentários inteligentes, carinhosos e estimulantes que recebo de vocês todos os dias.

Henrique Fogli

sábado, 7 de abril de 2007

Dos direitos fundamentais

Ah, se eu pudesse exigir...
Ah, se eu pudesse apitar...

Não ia ter tanto choro
nem tanto do que reclamar
o amor que eu tenho pra dar
não pode e não deve sumir

Se ao menos eu pudesse apitar...
Se ao menos eu pudesse exigir...

O tempo me ata as mãos
sufoca, me impede de agir
passa mais um verão
e o tonto do meu coração
aguarda o sonhado porvir

Mas se eu não posso exigir
de que me vale sonhar?

Estou velho demais pra brincar
de bem-me-quer
mal-me-quer
mas vou me matar
desgastar
de tanto gostar
e fazer

Pois sempre que eu posso querer
eu nunca posso pedir

Não sei dizer o que vi
O que senti
O que há
Não posso nem tento provar
Nem posso dizer que entendi
Mas posso dizer que vivi
O tanto pra me apaixonar.

Ah, se eu pudesse exigir
O meu direito de amar.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Casamento moderno

- A Ritinha tá linda, né?
- Nossa. E o Alberto então?
"E se tem alguém aqui que é contra esse casamento, que fale agora, ou cale-se para sempre".

- Parem tudo!
- Quem gritou isso?
- Acho que foi o Nunes, padrinho do Alberto.

Nunes e seus quase 2 metros de discrição aproximam-se do noivo. Ele carrega lágrimas nos olhos. Abraça o pequeno Alberto, agarra sua bunda e lhe desfere um beijo cheio de língua. Ninguém na igreja sequer respira. Terminam o beijo. O gigante Nunes dá um tapa no rosto do amante e sai correndo altar afora, chorando feito criança, soluçando.

Os convidados ainda permaneciam atônitos quando uma voz masculina ecoou por toda a casa de Deus. Um grito de "Volta Nuninho" partiu pelo ambiente tirando todos do transe. Automaticamente os olhos se focaram no noivo, surpreendidos pelo seu apelo.

Mas o noivo estava quieto. O grito era do padre.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Um momento de fraqueza

Talvez hoje eu precise de alguém
pra dizer que não é por aí...
Eu que sempre me virei tão bem
Hoje preciso de alguém por aqui...
Alguém que me ouça sem medo ou desdém
E me fale algo que ainda não ouvi
Mas ao meu lado não vejo ninguém
talvez até porque eu me escondi.
Talvez porque vivi a vida toda sem?
Talvez porque sem não sei nem se vivi...