quarta-feira, 25 de março de 2009

Inércia

O medo da vida me move
Leve, me vê, não me livra
Me varre. Revolta e revira
e nada.


Nascem emoções, nossas criações
Batem as portas e batem suas asas,
viajam pra onde seus sonhos voarem
e param.
Logo ali,
no tedioso mundo dos adultos.
Tudo isso em alto mar,
tubarões a nos cercar
e nada.

domingo, 8 de março de 2009

Alguma coisa acontece no meu coração...

O filme começa com um casal de velhos andando pelo centro de São Paulo... A mulher começa a falar dos tempos de outrora - quando cruzavam a famosa esquina da Ipiranga com a São João em décadas passadas - bem antes da decadência do centro velho de sampa. No meio da história dela, o velhinho coloca a mão no peito, diz que algo acontece no seu coração, e cai no chão, vítima de um infarte.

As pessoas ao redor tentam ajudá-lo de alguma forma, ligam pra ambulância, se alvoroçam. A mulher, no entanto, não se abala. Fica se dirigindo ao velho na maior naturalidade, pedindo pra que pare com aquela brincadeira que fazia havia tanto tempo. Tá assustando as pessoas, querido. deixa disso. A ambulância chega, o velho não reage, a velha não muda seu discurso. Colocam o velhinho na maca, e ela sempre do lado com a mesma conversa. As pessoas tentam explicar a situação pra esposa do moribundo, enquanto ela tenta explicar a brincadeira besta do marido. Passam por várias cenas; de médicos usando disfibriladores até o funeral em si, com a mulher cada vez mais inconformada com o mau gosto da brincadeira do velho. Finalmente tiram-na do altar onde o corpo é velado, deixando somente a figura do falecido na cena, todos com a nítida impressão de que a velha perdera a cabeça com a morte do marido. Quando a câmera finalmente chega no seu rosto, depois de varrer toda a sala, percebe-se o velhinho, subitamente, prendendo uma risada.