segunda-feira, 28 de maio de 2007

Coisas do futuro

Haverá um dia que o sexo será abolido na sociedade ocidental. Não teremos mais homens, ou mulheres, só masturbação. Os fetiches terão avançado para um estágio tão nojento que o ser humano atingirá um estágio onde só ele mesmo conseguirá levá-lo ao orgasmo. suas fantasias irão superar a capacidade real de prazer.

Mais ou menos nessa mesma época, os adolecentes começarão a viver o primeiro amor mais cedo. Ele talvez seja um software ou um hardware, desenvolvido pela Microsoft ou pela Google. Dois cliques, um fone de ouvido, algumas ondas eletromagnéticas e pronto - vive-se o primeiro amor intensamente. Vai ser possível escolher o final da história, seus altos e baixos, um começo ao acaso - num esbarrão no corredor do colégio, onde ele pega o material dela do chão e pede desculpa. Ou colocar no modo random.

Isso pode acontecer antes ou depois da Terceira Guerra Mundial, que é uma mera questão de tempo. Uma hora o plano da China vai começar a apresentar falhas. O crescimento exponencial vai parar aos poucos, e no primeiro ano que seu PIB crescer menos que dois por cento, eles vão fazer alguma merda sem igual. Até lá os chineses serão mais que dois bilhões, e essa vai ser a única maneira de controlar o crescimento demográfico do país. Matarão dois coelhos e um bilhão de pessoas com uma cajadada só.

Tudo será feito em casa. Absolutamente tudo, menos o seu trabalho. Será o único motivo para sair de casa, todo o resto será entregue em domicílio. Conseqüentemente, sair de casa será sinônimo de descontentamento. Cada cômodo da sua casa terá algum aparelho comunicador que toca mp3, tira fotos de 30 megapixels, entre outros. A mãe vai usar a internet pra chamar o filho pra janta. Se ele demorar pra responder, ela liga. Finalmente ela se cansa e vai até o quarto do filho e o encontra de janelas fechadas e olhos arregalados, sentado em frente a um computador com 3, talvez até 4 telas. Ele é bem pálido e tem os ossos fracos.

- Filho, vem jantar.
- Já vou mãe.
- Mas o que diabos você tá fazendo aí? Te chamei na internet, te liguei e você nem me ouviu.
- Tô me relacionando!

quinta-feira, 24 de maio de 2007

A Lenda do Minotauro

Dizem as lendárias línguas que o Minotauro habitava um labirinto construído por Dédalo, pai de Ícaro, por ordem do rei Minos, que o fez por vingança. Naquela época não existiam cheques, cartões magnéticos e muito menos caixas eletrônicos, portanto era normal que ninguém soubesse nada sobre eles.

Vingança sim! É uma história cheia de vinganças. Pasífae, esposa de Minos se apaixona por um touro, tudo fruto da vingança de Poseidon. Dessa provável primeira cena de zoofilia que se tem registro na história da humanidade nasce o Minotauro. Naquela época os imóveis não eram financiados e frases como "O senhor deve subir aquela escada e aguardar no terceiro guichê à esquerda, mas não esqueça de pegar sua senha lá atrás, do lado de fora" não faziam o menor sentido.

Foi então que o Oráculo de Delfos sugeriu ao rei Minos que fosse construído um labirinto para aprisionar a bestial, porém simpática - segundo amigos mais chegados - criatura. A cada ano seriam jogados 7 rapazes e 7 moças, que vagariam por entre corredores pálidos e abafados - também não existia o ar-condicionado - para então satisfazer as fomes do bichinho. Vale lembrar que ninguém naquela época recebia fundo de garantia ou seguro desemprego, tampouco precisava falar com 8 pessoas diferentes durante 4 dias pra conseguir alguma informação sobre isso...

A história do Minotauro termina - supostamente - quando Teseu, futuro genro de Minos, mata o meio-homem-meio-boi-brabo. Na verdade, hoje, depois de anos de experiência, o Minotauro é responsável pelo layout e design das agências da Caixa Econômica Federal. O labirinto foi reformulado para conseguir abrigar os milhares de vítimas que o Minotauro recebe todos os dias. E a vingança segue em frente. Mas a fila não.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Tabu

Izabel e Lucas. Casal novo e cheio de hormônios. Estavam juntos há alguns meses, vivendo o auge da descoberta da intimidade, misturado com um desejo sexual em crescimento exponencial. Eram ambos pouco experientes na diversidade que uma boa transa pode ter. Haviam tido relacionamentos superficiais, sem muitas descobertas, bem papai e mamãe. Mas agora queriam fantasias e aventuras juntos.

- Ali, atrás daquela caçamba.
- Isso. Vem, vem.
- Isso, agora passa a perna por cima do meu ombro.
- Tá.

Cada dia, cada semana era uma novidade: ménages, suíngues, sexo tântrico, kama sutra, orgias, surubas e afins. Começaram a pesquisar novos fetiches. Queriam ir além da própria imaginação.

- Mija em mim.
- O quê?
- Faz xixi em mim.
- Pra quê?
- Vi na Internet que dá tesão.
- Tá. Depois você!

Ficaram cada vez mais unidos e mais nojentos. Transavam com animais, usavam cordas, correntes, chicotes, forno microondas, aspiradores de pó, chave de roda, ferro quente, pó-de-mico, cones de sinalização, enfim, tudo era instrumento de prazer. Estavam noivos quando Lucas propôs:

- Vamos fazer anal?
- Desmancharam ali mesmo. Com tabu não se brinca.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

O legado de uma geração

De todos as conseqüências dos avanços tecnológicos da humanidade dos últimos anos, o que mais me preocupa é o acesso à pornografia. E não falo de sexo anal, nem mulher lambendo mulher. Falo de cara comendo cavalo comendo uma velha toda vomitada, ou gente chafurdando em merda comendo criancinhas hermafroditas. A indústria tem diversificado. Você pode não saber, ou fingir que não sabe, mas esse lixo todo já é facilmente acessado via Internet. E, como tudo no mundo de hoje, a tendência é ficar mais nojento.

Nem é preciso dizer que será inútil tentar evitar que seu filho - ou sua filha - veja isso. Ele mesmo provavelmente já vai nascer com placa de rede "plug and play", e sempre estará quatro passos largos à sua frente quando o assunto for tecnologia. Se juntar tecnologia com coisa errada então, esqueça.

Eu me lembro quando o Bolinha – sempre ele, pornografia e gordinhos sempre andaram de mãos dadas – descolava uma fita pornô pra gente ver. Era um evento. A mãe dele saía à tarde, nós trancávamos o apartamento com a chave virada no trinco, para prevenir surpresas desagradáveis, e reuníamos toda a molecadinha do prédio para contemplar algumas horas de fornicação explícita (com sorte um ménage a trois, que, segundo o montanha, queria dizer 3 a 0 em francês).

Era todo o acesso que tínhamos à pornografia propriamente dita, isso sem contar o cine-peito que passava às vezes na TV aberta. Mas aquilo não conta, nos já tínhamos mais de doze anos. Tínhamos que olhar aquelas cenas com muita concentração para podermos ter uma imagem mental ou uma sugestão que fosse para nos divertir, cada um no seu retiro sagrado de seu próprio banheiro. Isso ou as revistinhas, sempre parceiras nos momentos mais difíceis, mas que ainda implicavam em certa parte de imaginação e criatividade.

Mas daqui pra frente não. É só clicar o mouse e pronto. É isso que me preocupa. Como se não bastasse as bolinhas de gude e as brincadeiras na rua, outro legado morre na minha geração. É o fim da masturbação-arte.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Tempo...

...que congela aos 17 e aos 39 decola...
Hora de trabalhar.
Hora de ir pra escola.
Tempo pra refletir.
Tempo pra repensar,
sentir
a vida passar.
Sem tempo pra nada
vendo o tempo voar,
ou dando um tempo
pra desestressar...
A verdade é que o tempo vai
não pode parar
pra esperar.
Só se você tiver pressa,
só pra sacanear.
Tempo que é fingidor,
que é mascarado
engana-
dor.
Que te bota de pé
e te leva a saúde.
Que faz o que quer.
Tempo que deixa as pessoas sozinhas.
Te enche a casa de alegria ou de pulgas.
Tempo que transforma
espinhas
em rugas.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Ratzinger, o implacável

Bento XVI chega ao Brasil arrastando uma multidão de fãs às ruas de São Paulo. Muitos dizem que ele vem para canonizar Frei Galvão, para trazer uma mensagem de paz aos brasileiros, mas fontes confidenciais já vazaram o verdadeiro intuito de sua visita. O papa pretende invadir o complexo do alemão com seu papa-móvel.

A situação no Rio de Janeiro está pra lá de caótica, mas Gotham City está muito pior, o que impossibilitou a vinda do homem-morcego. Depois de um show do Camisa de Vênus, que volta a fazer turnê após 12 anos, uma verdadeira guerra civil tomou conta da cidade. A situação teria se agravado depois que o Coringa e sua gangue receberam reforços do PCC.

O Papa seguirá até Aparecida do Norte, onde receberá novas instruções e equipamentos confeccionados especialmente para essa missão. O papa-móvel, aparentemente uma inofensiva saveiro branca com uma guarita de porteiro na caçamba, deve ser transformado em um verdadeiro Thunder Tank. Mísseis Scud foram importados pelo Exército brasileiro recentemente, e boatos dizem que Sua Santidade teria trazido, diretamente da Basílica de São Pedro, a devastadora Santa Granada de Mão.

O Papa deve ficar no Brasil até o início dos jogos Pan-Americanos. Participará da cerimônia de abertura - uma corrida no autódromo de Jacarepaguá com o turbinado Papa-móvel contra nada mais nada menos que Speed Racer no seu Match-5, o Cupê Mal-Assombrado, a Máquina do Mal de Dick Vigarista e Rubens Barrichelo, da Honda.

Ao final de sua agenda lotada o Papa volta ao Campo de Marte em São Paulo. Deve terminar sua visita ao país com uma cerimônia rezando pelas almas do massacre acontecido com sua passagem pelo país e com a canonização do primeiro santo brasileiro - Coronel Ubiratan.

Afinal, ele é alemão.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Dados curiosos

O Orkut, além de destruir relacionamentos e proporcionar diversas outras tantas inutilidades com as quais viveríamos muito bem obrigado sem elas, apresenta alguns dados no mínimo interessantes.

Perambulando nele pra lá e pra cá hoje de manhã, percebi que a comunidade Brasil tem exatamente 1.033.518 membros. Apesar desse número conter provavelmente diversos perfis que efetivamente não existem na vida real, fora os que não são brasileiros mas são simpáticos à causa, pode ser usado como uma amostragem da quantidade de tupiniquins que usam o tal site.

Fuçando um pouco mais encontrei a comunidade Eu conheço políticos honestos com o expressivo número de 12 integrantes. Será que os brasileiros politicamente engajados não têm tempo a perder com futilidades como Orkut? Talvez esses 12 sejam familiares de políticos? Vai saber...

Na dúvida eu fucei mais um pouco. Nem todos os 12 estão na comunidade "Eu acredito em Papai Noel".

sábado, 5 de maio de 2007

The world we believe we're living in

Shape your world, and do with clarity
Make the mold for your reality
Is up to you, and to you only
To be happy or to feel lonely
So never say you don't belong!
The world is here for you to own!

terça-feira, 1 de maio de 2007

Coisas do passado

- E essa foto pai?

- Ah filho, isso aqui é uma máquina de escrever. Sabe, bem antes do computador as pessoas utilizavam esse troço aí pra redigir cartas ou documentos. Essa daí eu vi uma vez, numa excursão do colégio, e bati essa foto.

- Ah, legal. E essa aqui?

- Isso era a coleção de bolinhas de gude do meu vovô. Eram umas bolinhas de vidro que eles usavam pra brincar na rua. Nunca entendi direito como funcionava, mas ele era fascinado por elas. Tanto que me deu essa foto.

- Esse predião aqui?

- Aqui é a escola que o pai estudou quando tinha sua idade. Ficava ali onde é a torre de vigilância hoje. Foi lá que eu conheci a mamãe.

- E esse negócio aqui?

- Isso? Ah, isso aqui era um Girassol. Uma flor muito bonita que tinha esse nome porque sempre se virava em direção ao Sol. A vovó falava muito delas.

- Flor?

- É. Um tipo de planta.

- Tipo essa que a gente tem na sala?

- Mais ou menos. Só que não era de plástico.

- E esse negocião meio azul, meio verde?

- Isso aqui era o mar. Ela era dessa cor antes do dia H. Era cheio de peixes e outros animais, sabia? A gente podia sentir uma brisa maravilhosa só de passar perto dele. Um cheiro tão bom. Dava até pra nadar nele!

- Essa daqui era na sua casa?

- Sim, é uma foto do banheiro. Foi quando colocamos a primeira torneira lá em casa. Dá pra acreditar filho? Você abria esse negocinho aqui e saía água, limpinha.

- Nossa... Credo! Quem é isso aqui?

- Calma filho. Essa aqui era a minha mãe. Há muuuuito tempo.

- Que estranha.

- Antes da Hecatombe todo mundo era assim, sabia?

- Que que é isso na cara dela?

- Um sorriso. Todo mundo tinha dente naquela época.

- E dois olhos???

- Pois é...