sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Bagulhos, breguenaites e parafernálias...

Tranqueira nova no Blog. Se você é um daqueles que costuma passar por aqui de vez em quando, pode clicar no link do lado direito "Acompanhar esse blog". Além de demonstrar a atualização do conteúdo do Poesia e Palavrão direto na sua hp do Blogger, me ajuda a saber quem são os visitantes mais presentes por aqui.

Uma bobagenzinha tipicamente inútil, como dispensadores de toalha de papel com sensor de movimento, mas fazer o quê?

Abraço a todos!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Fragmentos confusos com ritmo

Passo
por cima
e passo longe
mas eu vejo bem de perto
que é pra não passar depois

Vejo
por dentro
e olho de fora
todo tempo toda hora
que um resolve virar dois

Deixo
de lado
deixo pra trás
o que é morno e é insosso
tanta coisa tanto faz

Corro
pra frente
e não tropeço
mas eu nunca me esqueço
vou correr ainda mais

Sonho
risonho
e enfadonho
se aproxima toda noite
todo dia me distrai

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Vejo
por cima
e não tropeço
o que é morno e é insosso
todo dia me distrai

Sonho
de lado
e olho de fora
mas eu vejo bem de perto
vou correr ainda mais

Corro
risonho
e passo longe
todo tempo toda hora
tanta coisa tanto faz

Passo
pra frente
deixo pra trás
se aproxima toda noite
que um resolve virar dois

Deixo
por dentro
e enfadonho
mas eu nunca me esqueço
que é pra não passar depois

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Chupa essa manga

- Pensa comigo...

De repente quase tudo na sua rotina muda. Você começa a acordar mal-humorado, e as pequenas coisas do dia-a-dia te irritam profundamente. Os compromissos desaparecem e o tempo livre enche sua vida de tédio melancólico. O sorriso das outras pessoas o ofende. A preguiça toma conta do seu corpo e da sua mente, evitando que você produza qualquer tipo de fruto útil. Ao invés disso você senta em frente uma máquina fria buscando pedaços de atenção de pessoas - todas mais bonitas, mais bem-sucedidas e mais interessantes que você - que têm mais o que fazer. Nada.

Daí surgem os planos. Sonhos com o acaso. Algo que vá transformar aquela vida em algo mais digno. Começar a correr, parar de fumar, fazer trabalho voluntário. Um monte de cretinices das quais você vai desistir assim que arrumar qualquer coisa pra fazer que o tire dessa neblina. Mas nada o tira dali. Você começa a se enxergar de uma maneira diferente, buscando ser especial, ter algo a dizer, ser importante para alguém. Nada.

Você cruza os braços e tenta lembrar quando foi que sua vida saiu dos trilhos. Recorre ao passado minuciosamente e descobre a farsa que é sua vida. Ela nunca esteve em trilho nenhum. Você que se apoiava nas coisas erradas para se sentir melhor, para sentir o gostinho daquilo que chamam de felicidade e que você tanto viu nos filmes. Os feriados na praia, o carro do ano, o celular que toca mp3, nada disso chamou a sua atenção. Você chama de fútil as pessoas que se empolgam com coisas assim...

Mas no que você se apóia?

Você quer um trabalho que pague suas contas. Uma mulher pra dividir a cama ao final do dia. Um apartamento nem pequeno nem grande pra ter o seu conforto. Você quer um churrasco de final de semana com os amigos, tomando uma cervejinha gelada, jogar um baralhinho, ouvir as mesmas piadas de sempre. Você procura uma conversa que te faça esquecer do tempo, uma alma que te olhe e abra os braços dizendo "pode vir, vulnerável desse jeito".

Você busca interação. Contato com outras vidas, outros olhos, pessoas que te convençam, que mudem seu jeito de ser. Pessoas que te apliquem regras e rótulos, dos quais você vai reclamar com toda força, porque é isso que elas esperam de você. Você quer aprovação constante, quer amor, carinho, risadas e aplausos. Tudo isso e qualquer outra coisa que o esconda da terrível verdade que o assola.

Você tem nojo da sua vida.

Tanto nojo que quando nada disso acontece você se esconde, sob algum pretexto qualquer. Daí você se olha e se sente burro, medíocre, feio, fraco. Até pensa em projetar isso nas pessoas pra conseguir de volta aquele calor humano que tanto te faz falta, e acaba se sentindo ridículo por ter esse impulso. E essa é a sutileza que ninguém percebe quando imerso na auto-piedade: o quanto seus impulsos são ridículos.

Todos seus impulsos foram assim. Você sempre teve que pensar duas mil vezes pra conseguir algo relativamente agradável na sua vida. Tudo o que foi impulso, o que foi inato da sua mente ou consciência, sempre foi uma manifestação ridícula, pobre, infantil, fraca, medíocre. Você lembra das suas notas na escola, em tudo o que pode ser qualificado como desempenho em toda a sua vida e tenta reerguer-se. Mas não é esse o assunto; isso foi só mais um instinto ridículo de auto-piedade tentando te animar.

Mas não consegue.

O que te anima é um "eu te amo". É a sensação de que alguém que conheça essa variedade de fracassos que é a sua vida possa conseguir dizer essa frase. Frase que literalmente não significa nada, cada um constrói seu significado. E quanto mais nojo você tiver da sua vida, mais maravilhosa essa frase vai soar ao seu ouvido.

Mas eu tenho amor próprio, você grita!

E vomita catorze frases prontas, provérbios e orelhas de livro que leu sobre o assunto. Sente-se auto-suficiente! Vai pra rua e come uma vagabunda. Enche a cara, se enclausura em lugares barulhentos com pessoas das quais você não se interessa. Tudo isso funciona bem, como um analgésico que tira a dor mas também o apetite.

Você definha.

Daí acaba no seu quarto, remoendo-se em auto-piedade, perguntando-se porque diabos as coisas funcionam desse jeito. Buscando uma luz que o guie no caminho da auto-aceitação, prende-se no passado e supervaloriza o futuro. Abre uma revista e vê as pessoas fazendo mil plásticas pra se sentirem mais bonitas. Chama-as de doentes.

Mas o que você mudaria na sua vida?

Menos barriga? Menos trabalho? Mais amigos? Mais amor?

Seriam essas coisas mais dignas que um nariz empinado? Ou a impossibilidade de concluí-las na sua vida é que as dão um pseudo-caráter sublime?

A resposta que você procura não está em nenhuma dessas perguntas...

O que você tem que se perguntar é (!)

(Triiiimmmm)

Nosso tempo acabou. Bom final de semana.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Romeu e Julieta

Ele olhava pra ela como se olhasse pra um sonho encarnado. Boquiaberto, embasbacado, não conseguia articular som nenhum, tampouco algum que fizesse sentido. Sentia algo de intangível naquela pele que se esfregava na dele. O calor que os corpos produziam com o atrito era diferente, quase um calor de febre. O cafuné era carinhoso como sempre - o carinho nunca conseguia desaparecer. Mas parecia um carinho de quem consola com pressa. Os dias são estressantes, as pessoas raramente param pra olharem-se nos olhos e dizer sentimentos. O cheiro dela parecia um convite aos desejos mais deliciosos, mas as piadas diziam afaste-se, bem baixinho. As intimidades apareciam de vez em quando, com vergonha.

Quando os olhos se cruzaram ele viu pena. Dó.

Ela olhava pra ele como se olhasse pra um sonho daqueles que não se lembra direito. Como uma criança que não acha mais graça no brinquedo velho, mas brinca e gargalha na frente da pessoa que o deu de presente. Sentia desejo no toque, mas expirava com força tirando-o do corpo. O calor que os corpos produziam era pouco, pálido. O cafuné era carinhoso como sempre - tão carinhoso que quase irritava. O cheiro dele trazia lembranças vagas e frágeis. A vergonha aparecia sempre, com as intimidades que já não faziam mais sentido, mas não eram evitadas por educação.

Quando os olhos se cruzaram ela pediu em silêncio que ele fosse embora.

Selaram o acordo tácito com um beijo no rosto.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Você acha que não?

Inventam um site onde você pode controlar a vida de qualquer um e todo mundo acha graça. De um dia pro outro, todo mundo que você conhece acabando conhecendo todo o mundo que você conhece. E de repente o mundo pira.
Nesse site inventaram um botão que avisa as pessoas toda vez que você peida ou coloca uma foto no ar. Daí você seleciona as fotos mais bonitas dentre umas 138 do ano novo, umas 74 da viagem do carnaval, umas 96 do final de semana no litoral norte... coloca aquela que o cabelo tava liso, a maquiagem bonita, o ângulo bom, a barriga encolhida, enfim. Quando você coloca essas fotos no ar elas aparecem na primeira página dos idiotas dos seus "amigos". Dá um tempo você as tira do ar e coloca de novo... Elas voltam a aparecer na página inicial dos seus "amigos". O ciclo se repete e a mina não para de estampar as fotos mais bonitas dela pra todo mundo ver...

- Me amem!

E o pior é que, quando as pessoas não estão presenciando cenas idiotas como essa, estão vendo pornografia ou comprando coisas de que não precisam.

O mundo endoidou...