quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Romeu e Julieta

Ele olhava pra ela como se olhasse pra um sonho encarnado. Boquiaberto, embasbacado, não conseguia articular som nenhum, tampouco algum que fizesse sentido. Sentia algo de intangível naquela pele que se esfregava na dele. O calor que os corpos produziam com o atrito era diferente, quase um calor de febre. O cafuné era carinhoso como sempre - o carinho nunca conseguia desaparecer. Mas parecia um carinho de quem consola com pressa. Os dias são estressantes, as pessoas raramente param pra olharem-se nos olhos e dizer sentimentos. O cheiro dela parecia um convite aos desejos mais deliciosos, mas as piadas diziam afaste-se, bem baixinho. As intimidades apareciam de vez em quando, com vergonha.

Quando os olhos se cruzaram ele viu pena. Dó.

Ela olhava pra ele como se olhasse pra um sonho daqueles que não se lembra direito. Como uma criança que não acha mais graça no brinquedo velho, mas brinca e gargalha na frente da pessoa que o deu de presente. Sentia desejo no toque, mas expirava com força tirando-o do corpo. O calor que os corpos produziam era pouco, pálido. O cafuné era carinhoso como sempre - tão carinhoso que quase irritava. O cheiro dele trazia lembranças vagas e frágeis. A vergonha aparecia sempre, com as intimidades que já não faziam mais sentido, mas não eram evitadas por educação.

Quando os olhos se cruzaram ela pediu em silêncio que ele fosse embora.

Selaram o acordo tácito com um beijo no rosto.

7 comentários:

"Alguma frequencia" disse...

nada a dizer. apenas uma realidade as vezes dura, mas tão real real...
.lindo.

Anônimo disse...

Ai, eu não gosto mto dessas coisas não, fico triste, hahaha.
Mas esse eu gostei.
Criativo.
bju

Anônimo disse...

Dó? acho que não...se o carinho é o mesmo, não...

Anônimo disse...

vc tb tava la????????

Tatiana Lazzarotto disse...

onde tem seu livro pra vender, mesmo?

Dedinhos Nervosos disse...

A história de muitos... :o(

Gabriel Queiroz disse...

hahaha, eu imagino esse muleke na quarta série, a professora dizendo: Crianças, façam uma redação bem bonitinha sobre o amor; tem que ter no mínimo 20 linhas, HEIN!?

Aí o muleke me solta uma dessas, é considerado gênio, várias oportunidades de emprego e bolsa lhe são dadas e ele rejeita todas para ir pra Bahia vender coco!

DEMAIS!!!