Fernando e Fernanda eram parecidos não só no nome. Ambos ficaram assustados com as semelhanças desde a primeira vez que conversaram.
- Escritor?
- Veríssimo.
- Érico ou Luís?
- Luís.
- Ele é demais.
- Beatle favorito?
- Ringo, lógico.
- Eu também acho! E o coitado é tão desvalorizado.
- Pois é, né?
- Carne ou frango?
- Carne!
- Vinho ou cerveja?
- Cerveja, é claro.
E por aí foram. Se apaixonaram em poucos dias. Não se desgrudavam. Eram almas gêmeas. Casaram. Foram pra Veneza na lua de mel, idéia dos dois. Tiveram gêmeos. Ele escolheria o nome do garoto e ela o da garota.
- Pensei em Mário, que tal?
- Achei lindo!
- E pra menina?
- Maria! Que acha?
- Perfeito.
Os anos foram passando. O casamento chegou no auge e, como tudo que chega no auge, começou a cair. Apesar dissom, nunca discutiram. Foram esfriando. Não conversavam mais. Ele atolado de trabalho, ela não saía do ateliê. Ele achava que a culpa era dele, mas botava a culpa nela. Ela imaginava que a culpa era dela, mas preferia pensar que a culpa era dele. Foram ficando distantes. Não se conheciam mais. Ela engordando, ele perdendo cabelo. Os filhos cresciam naquele ambiente cinza, coisa que Fernando não achava saudável. Fernanda tampouco. Ele pensou em tentar mudar as coisas, fazer uma loucura romântica, reacender a chama da paixão, mas decidiu esperar que ela o fizesse. Ela, teve a mesma idéia, e esperava o mesmo. Uma certa noite, antes de dormir, já com as luzes apagadas, falaram, quase em uma só voz.
- Preciso conversar com você.
- Pois não querida. Diz.
- Acho que é melhor a gente se separar.
- Eu também acho.
- Não tá mais dando certo.
- Não mesmo.
- O que será que deu errado?
- Não sei.
- Eu também não.
- A gente se dava tão bem...
- Não que a gente se dê mal hoje...
- Não mesmo.
- Mas do jeito que tá, não dá.
- Ah não.
- Amanhã eu vou pra casa da minha mãe...
- Tudo bem.
Trocaram beijos de boa noite e dormiram com o problema resolvido.
- Escritor?
- Veríssimo.
- Érico ou Luís?
- Luís.
- Ele é demais.
- Beatle favorito?
- Ringo, lógico.
- Eu também acho! E o coitado é tão desvalorizado.
- Pois é, né?
- Carne ou frango?
- Carne!
- Vinho ou cerveja?
- Cerveja, é claro.
E por aí foram. Se apaixonaram em poucos dias. Não se desgrudavam. Eram almas gêmeas. Casaram. Foram pra Veneza na lua de mel, idéia dos dois. Tiveram gêmeos. Ele escolheria o nome do garoto e ela o da garota.
- Pensei em Mário, que tal?
- Achei lindo!
- E pra menina?
- Maria! Que acha?
- Perfeito.
Os anos foram passando. O casamento chegou no auge e, como tudo que chega no auge, começou a cair. Apesar dissom, nunca discutiram. Foram esfriando. Não conversavam mais. Ele atolado de trabalho, ela não saía do ateliê. Ele achava que a culpa era dele, mas botava a culpa nela. Ela imaginava que a culpa era dela, mas preferia pensar que a culpa era dele. Foram ficando distantes. Não se conheciam mais. Ela engordando, ele perdendo cabelo. Os filhos cresciam naquele ambiente cinza, coisa que Fernando não achava saudável. Fernanda tampouco. Ele pensou em tentar mudar as coisas, fazer uma loucura romântica, reacender a chama da paixão, mas decidiu esperar que ela o fizesse. Ela, teve a mesma idéia, e esperava o mesmo. Uma certa noite, antes de dormir, já com as luzes apagadas, falaram, quase em uma só voz.
- Preciso conversar com você.
- Pois não querida. Diz.
- Acho que é melhor a gente se separar.
- Eu também acho.
- Não tá mais dando certo.
- Não mesmo.
- O que será que deu errado?
- Não sei.
- Eu também não.
- A gente se dava tão bem...
- Não que a gente se dê mal hoje...
- Não mesmo.
- Mas do jeito que tá, não dá.
- Ah não.
- Amanhã eu vou pra casa da minha mãe...
- Tudo bem.
Trocaram beijos de boa noite e dormiram com o problema resolvido.
8 comentários:
Casar com o espelho é meio complicado, né? Muito boa.
Bj.
concordo com o comentário aí em cima. às vezes as diferenças fazem a diferença.
(www.osfilhosdoshippies.blogspot.com)
Poxa, muito bom.
Todos os problemas deveriam ser resolvidos assim: na conversa, na amizade, no deixa-disso.
É o melhor jeito.
Um beijo
:)
Muito bom! Seria ótimo resolver tudo pacificamente, mas sempre assim vira monotonia!
Gosto mito dos teus textos Henrique
Abraço.
Muito bom! Seria ótimo resolver tudo pacificamente, mas sempre assim vira monotonia!
Gosto mito dos teus textos Henrique
Abraço.
Achei muito bom esse texto. É irreverente. Parabéns!
Ninguém tentou. Esperar o esforço do outro é mais fácil, mais cômodo.
Desistir foi um consenso, que fácil né?
Bj, adorei!
Tudo isso aconteceu por causa da premissa: e, como tudo que chega no auge, começou a cair.
Já que eram espelhos e pensavam que tinha que decair algum dia, normal que o sentissem ao mesmo tempo, e que desse no que deu.
O importante, acho, é descobrir porque tem que ser assim.. Acho que o ser humano gosta muito de imitar mesmo.
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