sábado, 10 de março de 2007

(In)Decisões pós-encontro

Ricardo e Ritinha tiveram o encontro perfeito naquela noite. Ele foi tão engraçado, tão gentil, tão romântico. Ela, que mulherão! Que elegância, que charme. O jeito de andar. Ele uma delícia na cama, ela um furacão. "Lindo", "querida", tudo parecia tão normal, tão simples. Que maravilha de noite. Na semana seguinte, consultaram-se com seus melhores amigos, Marcos e Mariana.

- Você acha que eu devo ligar pra ele? Hoje já? Não parece desespero? E se a gente ficar sem assunto? Aquele clima chato? Tenho pavor de clima chato no telefone. Vou parecer uma encalhada, desesperada me jogando pra cima dele. Já dei na segunda, que que ele vai pensar? E se ele ligar? Recebi uma mensagem dele super fofa. Vou responder me abrindro, falando que adorei. Não né? Banco a fria, fazer ele correr atrás um pouquinho né? É, pra dar valor. É melhor. Ah, será que ele vai ligar? Pois é querida, não ligou nem ontem nem hoje. Acho que amanhã ele liga. Foi tão bom. Ligou mas eu tava numa reunião, você acredita? Puxa Mari, já é sexta e nada dele ligar denovo. Que que eu faço? Liguei, deu caixa postal. Eu não, detesto falar em caixa postal. Vou mandar uma mensagem. Ou será que ele vai se assustar? É muita pressão né? Vamos jantar no japonês e a gente conversa mais.

- Marcão, que delícia de mulher. Claro, quero sair com ela denovo. Pensei em ligar hoje já, mas muito em cima, né? Mulher adora um joguinho. Vou ver se ligo amanhã, ou mando uma mensaginha. Mandei, mandei mas ela não respondeu. Tá bancando a difícil. Ou a mensagem não agradou? Será que mandei mal? Meio canastrão ou meio apaixonadinho demais? Vou ligar pra ela e ver qual que é. Chamou, chamou e não atendeu. Certo que não quis me atender. Não devia ter mandado aquela mensagem. Não, não deixei recado. Vou ligar na casa dela. Não, não tava. Agora pareço desesperado, né? Bom, deixei recado, ela viu que eu liguei, mandei mensagem, se quiser ela me liga né? Mais que isso já é forçar a barra. É Marcão, não ligou. Que merda, e eu achando que fosse sossegar ali. Pois é. Vâmo onde hoje?

Se adoraram, foram feitos um pro outro. E nunca mais se viram.

6 comentários:

Anne disse...

Êba, sou a primeira desocupada a comentar, rsrsrs!!!

Quantos desencontros acontecem em nossas vidas, não? Muitos são extremamente parecidos com o que vc relatou! É bom a gente prestar atenção na vida pra não perder oportunidades!

Diego Moretto disse...

Putz, um verdadeiro conto de um quase romance do século 21. É engraçado como atualmente, com tantos recursos de aproximação, tanta liberdade, nos deixamos levar pela dúvida... oportunidades com a deles, são perdidas mutualmente, nestes romances de balada. É, essa é a era tecnológica, temos de driba-la para não vivermos na solidão...
ótimo conto Henrique, virei fã assíduo, abs!

Des[Construíram] disse...

O segredo de uma relação duradoura é a não relação. Wilde certa vez proferiu que a diferença entre a empolgação e o amor eterno é que a empolgação dura mais.

Abraço. Fica na paz!

Gustavo Nardini disse...

DO caralho cara..li todos os textos, mto bom mesmo!
abs!

Unknown disse...

Bom dia Henrique, me chamo Luana e fui apresentada a seu blog hj pela manhã.
Aleluia, meu dia foi salvo!
Não costumo jogar confetes, nem balançar pompom, mas cara... se eu tivesse um poster seu, juro que estaria soluçando no meio da multidão gritando: Henrique cadê vc, eu vim aqui só pra te ver.
Brincadeirinhas a parte, foi realmente um prazer ler seus contos.
Gostaria de usá-los numa comu, pode ser?
De qq forma, toma aí meu msn: nana_camilo@hotmail.com
Bom dia.

Anônimo disse...

Adoro ler as coisas que vc escreve, são ótimas!! Parece que eu to lendo Veríssimo..... Continue nos premiando com contos como esse! Adorei!!!