segunda-feira, 23 de junho de 2008

Por quê?

Uma desgraça acomete toda a humanidade. Um meteoro se choca com a Terra! Suas proporções, porém, não causam uma explosão significativa, mas afundam o teto de um opala 84 estacionado na Avenida São João. Ele traz formas de vidas minúsculas - bactérias, vírus, entre outros - extremamente nocivas à raça humana. Doze minutos após a queda, 98% da população do estado de São Paulo é vítima desses microorganismos. É uma morte dolorosa. Os últimos vinte minutos apresentam tosses com muito sangue e ânsias de vômito que queimam de dentro pra fora.

Algumas pessoas parecem imunes às novas doenças e não apresentam nenhum sintoma, porém ninguém identifica o motivo dessa resistência. O desespero toma conta do mundo inteiro, e em pouco mais de 24 horas existem casos reportados em todos os cantos da Terra. Quem não é contaminado acaba sendo assassinado pela euforia que toma conta da humanidade. Com a notícia da epidemia - mais do que isso, de sua velocidade e crueldade - as pessoas em todo o planeta começam a viver como se o mundo fosse acabar. Em poucos dias a raça humana é praticamente extinta.

Há apenas uma esperança. A única sobrevivente dessa desgraça está grávida. Ela encara com dificuldades os 7 meses de gestação restantes - sonha com a criança todas as noites. Enquanto carrega o futuro de sua raça no ventre ela percorre tudo ao seu alcance - caminhando até a exaustão diversos dias - em busca de outro homo sapiens. Nada. Por vezes delira, sofre com a solidão, mas deposita toda sua energia e esperança naquele bebê que habita seu corpo e se reanima.

Chega o grande dia. Ela dá a luz solitária e sofre com a dor do parto. Tem uma tesoura na mão para cortar o cordão umbilical. Finalmente, quando a criança que parece arrancar-lhe a alma com as unhas deixa seu corpo, ela pode contemplar sua prole. Olhando aquele pequenino ser, todo envolto em sangue, gritando por não saber mais o que fazer, ela se dá conta de um detalhe. Sua vida passa diante de seus olhos. Ela se recorda de todos os homens e mulheres que passaram por sua existência e de todas as marcas que deixaram. Seus olhos correm de um lado para o outro como se assistissem a uma partida de tênis. Tornam-se úmidos e vermelhos.

Ela respira fundo. Olha o sexo da criança e, antes mesmo de cortar o cordão umbilical, crava a tesoura no próprio peito e se mata.

16 comentários:

Anônimo disse...

Nossa que final horrivel:
Ela respira fundo. Olha o sexo da criança e, antes mesmo de cortar o cordão umbilical, crava a tesoura no próprio peito e se mata.
Mais o texto é massa!

Jân Bispo disse...

kkkkkkkkk, é concordo que o final foi assim meio que nossa, ela viveu tudo isso para se matar??? bom mais vc é o dono da história e como autor sempre digo aqu e ahistória é nossa fazemos dela o que bem quisermos! hehehehe, gostei da narrativa, rapida, evidente, pratica, o fim é seu, parabéns gostei do blog!

Rodrigo disse...

Ela respira fundo. Olha o sexo da criança e, antes mesmo de cortar o cordão umbilical, crava a tesoura no próprio peito e se mata.

O.o

mijeiderir disse...

POw bem profundo!

o texto é muito bom, é seu?

se for parabens, vc tem uma criatividade enorme!!

abraços

Mijei de Rir - Alegria e diversão!

Anônimo disse...

o texto é ótimo mas pããtz axei o fim meio...noss...não tenho nem palavras, me chocou
xD
gostei
beijos

Natália disse...

O que me admira é o fato das pessoas quererem.
E não pense que a vida das mulheres mudou tanto. Mas isso, só sendo mulher pra saber.

Nattan Lima disse...

ahan gostei muito bom so não curti o final

Jullyana Albuquerque disse...

Ai meu Deus, ai meu Deus! Acabou? como assim acabou? Não é possível, cade a continuação? Eu exijo uma explicação!

Anônimo disse...

muito muito angustiante..
Sugere muitas imagens ao longo do percurso...
Li alguns textos seus aqui e gostei muito, vou colocar um link pro seu blog na minha página...
Abraços, até mais...

Lokassio é... disse...

Caramba, muito inspirado você... hehehe
Imaginei toda a cena acontecendo, principalmente o estrago no opalão. rs

Valew por comentar no Botecast!

Diego Moretto disse...

O final não poderia ser outro... adorei, apesar de que parece muitíssimo o filme Filhos da Esperança...com Clive Owen. Já assitiu?
Abração bro!

Lay disse...

Nossa... muito bom!
Muito criativo vc!!!


Cherry

Lidianne Andrade disse...

o texto é tudo!! amei!

Samura disse...

Parece mais um conto do universo expandido de "Eu Sou a Lenda"!
Mas,porque um Opala?
tadinho...

NASCEU!!!! disse...

O TEXTO É MASSA...MAS O FINAL FOI PUNK RAPÁ!! HEHE!!

Gabriel Queiroz disse...

Mano, como assim?
Que detalhe?

Ela se mata porque é mulher e acabou a vida ali, se mata porque é homem e vai ter que transar com o próprio filho pra manter a espécie, o que???

EAHeaUHeaUHeaUhae, brincadeira. Eu num tô nessa pegada. Mas é só pra você ver o que você suscita nas pessoas com esses seus textos malucos!