quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A mulher do síndico

Todo mundo sabe que a imagem do síndico é importante dentro de um condomínio. Não que alguém precise dele pra alguma coisa, muito pelo contrário. Mas seja como for, a sua figura acaba refletindo um pedaço do espírito político e engajado de cada proprietário. Numa sociedade homofóbica como a nossa são poucos os síndicos gays vistos por aí, por exemplo, assim como ninguém votaria num vizinho publicamente corno. É sabido do povo que síndico tem que ter um pulso firme.

Mas essa não é uma história de síndico, e sim da mulher dele, a Dona Valeska. Casada com o seu Ariovaldo, levava a mais perfeita vida que uma dondoca poderia sonhar. Academia, sauna, salão de beleza. Quando muito buscava as crianças na escola. Passava todas as tardes da semana bronzeando seu corpo bem formado de quase 40 anos à beira da piscina do condomínio, enquanto seus fihos quase se afogavam.

- Você sabe quem é aquela ali na piscina?
- Não é a mulher do síndico?
- Gostosa, né?
- Ô!
- Coroa, mas bem bacana.
- Total!

Não era a primeira vez que Vinicius contemplava aquele corpo moreno às escondidas, pela janela. Seu quarto tinha vista para toda a área útil do condomínio, que mal era notada quando a bunda de Dona Valeska dava as caras. Era o tempo de voltar da faculdade, almoçar e pronto: lá estava a coroa gostosa alimentando suas fantasias depois da sobremesa. Ele imaginava ser discreto e invisível apesar de morar no primeiro andar. Ela, fingindo que não o via, espreguiçava-se e abria seu corpo para os olhares desejosos e tarados do menino. Ouvia a conversa dele com os outros meninos do prédio, mas achava graça bem quieta.

- Eu vou lá.
- Quê?
- Vou dar um mergulho ué. Vamo aê?
- Depois eu vou. Agora vou subir pra comer um bagulho.

Aquele dia seria diferente. Minutos depois e Vinicius refrescava-se na piscina. Os treinos de vôlei do colégio e da faculdade haviam lhe dado um físico de atleta que enchia os olhos de dona Valeska. Ela, por trás dos óculos escuros e uma revista de fofocas, observava atenciosamente cada movimento do garoto. Nossa, olha a sunga dele. Que delícia esse corpão todo em cima de mim. Imagina... Olha mãe. Olha o que eu sei fazer mãe. Olha mãe. Mããããe. OLHA AQUI MÃE. MÃÃÃE OLHA!!! Os gritos dos filhos atrapalhavam suas fantasias.

- Pedrinho e Claudinha! Podem subir os dois!
- Mas mãe...
- Já pra cima. Agora!

Quando os dois pestinhas saíram contrariados da piscina, foi o momento. Vinicius e Valeska trocaram o primeiro olhar com cumplicidade, com algo a dizer. Crianças, né? Pois é... E foi o necessário. Ele perguntou por que ela não mergulhava numa tarde tão quente, e ela mentiu dizendo que não sabia nadar. Eu te ensino. Prazer. Vinicius. Mas me chama de Vává. Ela entrou na água bem devagar, dando a mão ao seu iminente professor. O toque de mãos apenas confirmou o que a troca de olhares havia dito, e em poucos minutos estavam se esfregando por debaixo dágua, até ele tirar a sunga.

- Aqui não.
- Como não?
- Aqui não dá. Vem comigo, eu conheço um lugar.

E saíram da piscina. Ela rapidamente pegou seus pertences da espreguiçadeira e se lançou condomínio adentro, virando vários corredores. Ele a seguia com alguma distância, com a toalha disfarçando a vontade monstruosa que sentia. Chegaram em uma pequena sala que parecia um depósito, com algumas cadeiras empoeiradas e duas cortinas velhas. Ao fechar da porta, lamberam-se, mastigaram-se e começaram uma maratona de sexo que incluiria pelo menos umas 14 posições sexuais e algumas horas. Ela mordia os gritos que escapavam em formas de suspiros. Ele não piscava. Tão imersos no desejo, não perceberam uma movimentação nas proximidades.

Naquele dia seu Ariovaldo tentava a reeleição. Havia feito algumas reformas, mandado um porteiro embora por indisciplina, enfim, fora um síndico atuante. Os condôminos (quorum de 47 deles) se reuniam no salão de festas para iniciar a assembléia que culminaria na votação. Quando a dona Zulmira do 62 chegou, seu Ariovaldo sempre muito cortês, levantou-se oferecendo seu lugar pra ela. Pode deixar dona Zulmira, que eu pego mais algumas cadeiras. Fica à vontade.

O depósito ficava no fundo do salão de festas. A porta abriu junto com um grito de espanto do seu Ariovaldo. Não é sempre que se vê a mulher com a boca no pinto de outro. Vinicius congelou enquanto Vavá chupava como se o mundo fosse acabar. Somente bons segundos depois que a esposa viu o marido de pé, à porta. "Que foi seu Ari? Viu algum bicho?" perguntavam os quase cúmplices da maior vergonha da vida do então candidato a síndico pela segunda vez. Ele sentia ódio, medo, embaraço, um nó, um cavalo dentro da barriga. Pensou no escândalo, pensou em arrancar o pinto daquele filho da puta e dar na cara daquela vagabunda, mas não. Amanhã talvez, mas hoje não. Hoje seria votado, seria um exemplo. Retirou uma pilha de três ou quatro cadeiras, próxima da bunda nua de sua esposa, virou-se para sua audiência:

- Não é nada! E sorriu o mais honesto que pôde...

3 comentários:

Unknown disse...

:D

Naah disse...

kkkkkkk gostei da história, fiquei imaginando essa cena =O
o que uma pessoa não faz pra não perder a pose neh

Anônimo disse...

Bom...não posso negar que o texto é belíssimo, vc é talentoso e sabe disso...
Mas, fico me perguntando: Porque sempre tachar as mulheres (casadas) de gostosonas, fúteis, loucas por um jovem insaciável? Seriam todas as mulheres(casadas) assim? Não né?!..rs

vejo que já esta recuperado..

ótimos dias..

Tati